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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sindicalistas no Japão, realidade ou fantasia?

Devido ao que ando lendo nas postagens e comentários do Blog Pequenas Cousas do Japão , e como este blog é justamente para comentar sobre o que vejo , antes de prosseguir para o que seria o próximo assunto nas minhas postagens, resolvi por publicar mais uma referente aos Sindicalistas Brasileiros no Japão e dedicar assim esta postagem aos 2 últimos anônimos, tanto o que elogiou quanto ao que me criticou em seus comentários na referida postagem. Quem de vocês aqui nunca fez ou pelo menos conhece inúmeras pessoas que já fizeram ou ainda fazem as seguintes colocações:

1- Dizer que o Japão vai deixar de contratar trabalhadores Brasileiros por causa das manifestações é apenas para que os Brasileiros não saiam às ruas em busca pelos seus direitos... Os Brasileiros trabalham muito melhor que Chineses, Filipinos ou Tailandeses...


Pois bem... parece que as estatísticas não condizem com essas afirmações, ou melhor dizendo... essas estatísticas afirmam que quem faz uso dessa frase é justamente para fazer com que os Brasileiros saiam às ruas... Para quem entende o japonês, basta acessar aqui para obter os números das estatísticas diretamente da fonte.

2- A hora de pressionar o Japão para os direitos dos trabalhadores é essa! (período dos primeiros sinais da crise e fase crítica da crise)

                                         auxílio de retorno- kikoku shien/ março de 2009
Esse tipo de frase foi muito usado pelos sindicalistas e trabalhadores sindicalizados para justificarem suas manifestações, greves e piquetes nas portas das fábricas. Lembro-me que a faísca dada nessa palha que se alastrou, foi a repercussão e cobertura feita pela mídia brasileira no caso dos trabalhadores da fábrica Hikari Seiko.
Brasileiros em Mie lutam por melhores condições de trabalho setembro de 2008
Funcionários Brasileiros de Mie fazem terceira paralização outubro de 2008
Sindicatos de várias regiões participam de manifestações em Mie outubro de 2008
Trabalhadores fazem manifestos na fábrica de Kubota em Osaka outubro de 2008
Brasileiros demitidos tentam entrar à força na fábrica em Kosai fevereiro de 2009
Demitidos da Hikari Seiko fazem passeata em Kuwana abril de 2009
Uma pena que tenham apagado todos os comentários feitos por leitores e até mesmo comentários dos próprios integrantes das manifestações na época... eu deveria ter arquivado as imagens... tinha muitas coisas escritas que ninguém prestou atenção ou não deram valor na época, mas acredito que se lessem esses comentários hoje, veriam muitas coisas por outros olhos... Mais lamentável do que se ter os comentários apagados ou bloqueados, é não fazerem a matéria completa mostrando que fim isso tudo resultou...
Como estão esses trabalhadores sindicalizados hoje?
Onde vivem, ondem trabalham, quais direitos se conquistou?
E como estão os demais trabalhadores que não participaram?
Sofreram consequencias, estão trabalhando no mesmo local?
"Este foi um ato histórico, pois nunca no Japão se tentou a reintegração à força de um demitido ao quadro de funcionários", disse Francisco Freitas
Companheiros e companheiras, A UNIÃO faz a força!
... ou seria Companheiros e companheiras, A união eu tento À FORÇA?

3- Japão abriu as portas para os trabalhadores Brasileiros quando precisou e agora com a crise está fazendo de tudo para expulsa-los... Quando a mão de obra estava em falta, a exigência do idioma não era necessária....
  O mesmo ocorreu com as vagas de trabalho em algumas fábricas nessas regiões... onde notei um aumento de outras nacionalidades (que recebem um salário bem menor que nós Brasileiros), mas quando eu citava sobre isso, as respostas sempre vinham "que isso era terrorismo para que as pessoas não saíssem às ruas" ,mas agora estranhamente muitos adimitem esse aumento no número de outras nacionalidades trabalhando em fábrica, desde que atribuam a culpa na crise.
Ok.
Agora temos essas mudanças na política migratória para também associarem à crise... Sendo que o Ministério da Justiça já vinha estudando essas mudanças desde os surgimentos dos primeiros problemas que envolvem os dekasseguis Brasileiros (criminalidade, trabalho e problemas sociais gerados pelo desentendimento do idioma).
Para quem não leu ou para refrescar a memória dos esquecidos, aqui está a notícia divulgada em nossa querida língua materna:
"Já a proposta da equipe de estudos do Ministério da Justiça é de selecionar a entrada deles, além de acabar com o visto especial para nikkeis." junho de 2006.
Reparem que o conteúdo das pautas não estão diferentes das divulgada neste mesmo site de notícias em janeiro deste ano de 2010 mas que infelizmente também continua apenas sobre projetos, sem nenhuma definição se entrará e quando entrará em vigor... acredito que se tivessem feito isso já nos primeiros anos em que surgiram essas propostas, não podemos dizer que muitos problemas enfrentados pela crise teriam sido evitados mas ao menos amenizados.
O engraçado é que tudo parece serem medidas que se não for para ajudar os Brasileiros aqui no Japão, ao menos são estudadas e criadas para atender as reclamações feita pelos mesmos... vide caso da ajuda de retorno, após a "barulhenta", porém organizada passeata (como foi publicado neste site ), cobrando atitudes do Governo em relação aqueles que perderam seus empregos.
O que soa mais engraçado ainda, é que são aqueles que gritam e exigem do Governo por direitos iguais, sem pesar as consequencias e medir suas atitudes, são os que mais reclamam sobre tais medidas associando-as como medidas provenientes da crise ou puro descaso ou xenofobismo do Japão... talvez para não ter de adimitir, que para quem é temporário, que nunca se interessou em aprender o idioma e costumes locais, nunca procurou vencer os tabus se integrando e participando da sociedade Japonesa se fechando nos guetos... esses "temporários", tinham muito mais vantagens de serem tratados como sempre agiram, do que terão agora com seus Direitos e principalmente os Deveres iguais!
Como sempre digo e digo porque eu nunca vi acontecer diferente: "Junto com os direitos vem os deveres e quanto mais direitos se é exigido, mais obrigações é surgida tbm"

4- Pelo menos eu faço alguma coisa e dou a minha cara à tapas. E você o que faz? Qual o seu ofício?
  Será que para termos e podermos expressar nossos pontos de vista e que seja considerado de valor social, será que precisamos dar a cara à tapas também?
Eu como milhares de outros trabalhadores que aqui estão incógnitos, somos apenas gentalhas?
Será que não fazemos parte da comunidade que tanto falam representarem, mas não as ouvem, porque não temos cargos políticos, não temos ofícios, não somos representantes de ONG, não recebemos doações, não temos diplomas, não falamos e nem escrevemos bonito, não atuamos como heróis, não temos títulos de Maria de Calcuta?
E onde caberia a prática dos "direitos iguais" sendo assim?
Onde está o Comunismo a Ditadura e onde está a Democracia e a Liberdade?
E se eu não sou nada disso, qual seria o problema de me expressar se não ocupo nenhum cargo; não tenho poderes de impedir ninguém, não ganho nem um tostão, se eu não apareço tbm não ganho nenhuma fama... então qual o problema de eu me expressar e querer saber o que outros pensam?
Porque não ajudar a sanar os meus pontos de vista que consideram equivocados ao invés de me cobrarem o cargo, famas e posições que os outros tem e que estes sim é que deveriam ser cobrados comprovantes mostrando competências, dando jus ao cargo que ocupam...
Ou tudo realmente não passa de interesses políticos...?
e a comunidade como fica??
É por essas e outras que cada vez fico certa de que tudo acaba se tornando, manipulação de muitos para interesses de poucos, onde hà muito mais a satisfação, realização e interesses pessoais do que o bem estar de "toda" a comunidade...
E é por essas e outras, que hoje eu resolvo terminar esta postagem com a reflexão dos macacos e a banana
                                         Reflexão: As bananas publicada pela revista Boa dica edição 39
Se não sou ninguém importante, que não tenho tanta cultura e que talvez até esteja equivocada em algumas visões...
....é justamente com esse direito e meios que eu tenho de questionar e expressar, que eu procuro não repetir os mesmos bordões ditos por aí, deixando para que outros raciocinem e tomem decisões que possam afetar direta ou indiretamente não só a minha vida como a vida de todos da comunidade Brasileira no Japão...
Como bem corrigiu o Nanashi: "Ação é o que muda a história... tanto para o bem ou para o mal" da mesma forma que bancar um "ato heróico" não significa um ter conseguido um "feito heróico".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sindicalistas Brasileiros no Japão


Estava lendo um jornal de mídia brasileira da edição de 30 de janeiro deste ano e me surpreendi com os destaques dado ao Sindicato dos trabalhadores, onde temos uma página inteira contendo uma entrevista com um Senhor da Confederação Sindical Nacional (Zenroren) e em outra página desta mesma edição, citando o aumento dos Brasileiros se sindicalizando no ano de 2009.
Eu digo que me surpreendi, porque depois dessa enfadonha crise economica que afetou principalmente os dekasseguis Brasileiros aqui no Japão, pensei que muitos tivessem percebido os efeitos e desistido desse idealismo sobre um Japão mais justo com a classe operária (e estrangeira)... idealismo que nem mesmo em nosso próprio país conseguimos ter e que talvez, muitos nem precisariam vir aqui trocando a amada terra por outra que tão duramente não gostam e criticam.
Eu me lembro que após o surgimento das primeiras passeatas ocorridas por grupos de Brasileiros Sindicalizados, eu não era a única a pensar que estariam... vamos assim dizer... "cavando a própria cova"
Entendo a vontade das pessoas de lutarem pelo idealismo, "temos o direito" as pessoas gritam... mas ainda assim não consigo entender o que e no quê essas "revoluções pelos direitos" melhoraram a vida do dekassegui aqui no Japão e diante de tantos fatos e mudanças (que não foram para melhores), vejo que o termo sobre "cavarem a própria cova" não estava tão errado assim.
Depois de tantos anos, o que será que mudou para que surgisse essa vontade de se colocarem com tanta hostilidade não só com as fábricas que os empregaram, mas também com o Governo que os abriu a porta? As únicas mudanças que consigo avistar até agora, foram as mudanças provocadas por pessoas que tiveram e promoveram a idéia de se manifestarem com essa hostilidade aqui no Japão com uma das primeiras reclamações referente ao direito de inclusão para o Shakai Hoken e onde tivemos uma das primeiras reduções salariais. Inicialmente apenas algumas empreiteiras fizerem a implementação do Shakai Hoken no salário do trabalhador Brasileiro e muita gente descontente com o saldo final, reclamou dos descontos com o Shakai e o Nenkin implementados no salário e nisso fazendo com que muitas voltassem ao antigo sistema antes que os trabalhadores debandassem para outras "rivais" empreiteiras, mas devido a uma crise (menos enfadonha) da época, o salário permaneceu com o valor defasado.
À partir daí, uma onda de "publicidade" sindicalista foi se espalhando pelo Japão inteiro, incialmente no boca à boca e hoje em dia temos até ajuda "publicitaria" da mídia Brasileira aqui no Japão. Eu digo "publicitaria" porque eu penso que trabalhar com jornalismo é cobrir a notícia do início ao fim, ou seja, que divulgassem os finais dos casos, mesmo que estes não tivessem um final feliz ou até mesmo para explicar que os casos foram largados ao meio sem ter final nenhum, ao invés de darem ênfase nesses idealismos apenas divulgando os primeiros atos dessas ações sindicalistas como heróis.
Desde então a comunidade Brasileira tem se tornado um caos e um inferno! É muito comum ouvir dekasseguis Brasileiros suspirarem pelos tempos do início da era dekassegui, onde esbarrar com um Brasileiro na rua era motivo de alegrias; onde éramos considerados trabalhadores corajosos e esforçados; época em que algumas fábricas reconheciam o esforço do Brasileiro e agradeciam fazendo churrascos de confraternização, prêmios e até pequenas quantias de bônus junto aos japoneses.... japoneses estes que tinham receio de nós estrangeiros sim, mas não por racismo e sim por não conhecerem e não estarem acostumados a lidarem com estrangeiros vindos da América Latina e que mesmo assim, ainda existia a curiosidade que os moviam para nos conhecer melhor.
E hoje eu me pergunto: "Será que o movimento Sindicalista não tem a sua parcela de culpa nas mudanças desse velho e "bom" tempo?"
E quem sabe não terá a sua parcela de culpa também nas próximas mudanças que estão por vir?
Diante de tantos acontecimentos e infinitas reclamações, eu tenho a impressão que os trabalhadores Brasileiros estão sendo marionetes tanto nas mãos dos Sindicalistas Japoneses, quanto nas mãos dos Sindicalistas Brasileiros.

Sindicalistas Japoneses
Entramos em um país que já havia seus problemas trabalhistas, tanto que esses sindicatos já existiam e acho estranho só agora eles surgirem do nada para dar apoio a comunidade Brasileira.... Algo me diz que os dekasseguis Brasileiros foram a solução que o Governo buscou para esses problemas trabalhistas com os trabalhadores Japoneses.
Sabe aquele ditado? Se não pode lutar contra, junte-se a ele?
É mais ou menos o que esses Sindicalistas Japoneses estão fazendo, neste caso, unindo-se com a comunidade Brasileira para que a comunidade não se torne um ponto final em suas reivindicações feita ao Governo e Indústrias, mas movendo a comunidade Brasileira para o mesmo problema podem continuar a pressionar o Governo e a as Indústrias.
Esse país não é nosso. Apesar da descendência, não somos Japoneses e eu acho um perigo continuar entrando nessa briga, porque assim como servimos para tentar solucionar esses problemas entre eles, os Asiáticos podem vir a servir como solução para os transtornos que estamos causando ao Governo e Indústrias e por mais que essas reivindicações tragam algum resultado, o efeito será mais para os Japoneses, não acredito muito que se expandirá aos estrangeiros e além do mais, se resolvido as reivindicações dos trabalhadores Japoneses, qual preferência (ou serventia) terá os trabalhadores brasileiros não qualificados e anafalbetos no idioma do país?
Não se iludam pensando que por terem o apoio de Sindicalistas Japoneses agora, que terão este mesmo apoio após eles conseguirem alcançar seus objetivos e muito menos pensem que o Japão continuará sendo o paraíso das mordomias para os dekasseguis Brasileiros, pois como este Sindicalista Japonês mesmo disse em entrevista ao jornal:
"Como recomendado pelo Governo e por vários especialistas, investir no aprendizado do idioma japonês e na capacitação profissional já é o primeiro passo... ...O japonês não deveria ser só uma condição essencial para a contratação, como também para a obtenção do visto... "
Será que todos que saem às ruas gritando em protestos por igualdades, realmente estão aptos para estarem iguais tanto nos "direitos" como nos "deveres"?

Sindicalistas Brasileiros
Eu acho incrível os efeitos e a proporção desses batidos chavões propagadas por esses senhores Sindicalistas e que acabou transformando o dekassegui Brasileiro em coitados escravos explorados pelo Japão.
Após esses chavões com direitos à discursos de companheiros e companheiras, parece que passou uma onda de lavagem cerebral nos trabalhadores Brasileiros aqui no Japão, que se muitos já estavam se perdendo dos seus iniciais objetivos ao pisar nesta terra, se perderam muito mais após o surgimento do Sindicalismo. E não só é visível como é gritante essa lavagem, pois a maioria de seus seguidores (direta ou indiretamente), repetem por aí a toda hora e em qualquer situação, os mesmos chavões ditos por estes senhores sindicalistas, sem ao menos entender o que repetem, o que acontece ao seu redor e as consequencias que tais repetições podem trazer.
Meu conceito por estes senhore Sindicalistas Brasileiros, que antes era de serem apenas inocentes idealistas, mas após tomar o conhecimento de algumas instruções que passaram sobre alguns casos trabalhistas e após passar a observar tanto como estes senhores como seus seguidores se comportam, meu conceito caiu para verdadeiros oportunistas!
Da mesma forma como acho estranho só agora os Sindicalistas Japoneses acolherem os trabalhadores Brasileiros, eu acho estranho essas pessoas que trabalharam de 5 à 10 anos no mesmo lugar só acionarem o Sindicato para reclamar de exploração e ver "seus direitos" somente quando ocorre a dispensa. Isso para mim soa mais como "oportunismo" do que "lutar pelos direitos".
Venhamos e convenhamos que quem realmente está atrás do que é certo, não anda e muito menos permanece andando pelo torto por vários anos para reclamar só no final da passagem que o que ele quer, é o que é certo!
E o tiro do "tudo ou nada" é dado e protegido pela mais perfeita camisa chamada "luta pelos direitos", onde os nobres cavalheiros que se posicionam e auto-titulam como "liderança legítima do movimento dekassegui" aproveitam para crescer em cima dos pobres "coitados e explorados" que estes, se aproveitam dessa "liderança legítima do movimento dekassegui" para tentar tirar ao menos, uns últimos vinténs do eldorado Japão.

Puxa-saco de Japa
Falar abertamente sobre alguns assuntos, parece ser de praxe virar motivo da pessoa ser taxada por baba-ovo, puxa-saco,tapete de japas, alienado entre outros... Motivos que aliás; reparem foram sugirdas após essas "revoluções".
Onde aprender o idioma do local, se torna sinônimo de desnecessário e até mesmo inútel, pelas exigências por "direitos"
Onde aprender, entender e respeitar a cultura do local se torna sinônimo de baba-ovo, capacho de japas, pelo "orgulho de ser Brasileiro"
Onde se esforçar, se capacitar e merecer é querer se achar japonês, na linguagem desses mesmos que gritam por "igualdade" mas nada fazem
Esses nobres senhores que chamam de nazifascista ou gentalhas às pessoas que não concordam, questionam ou cobram pelos seus feitos e desfeitos, eu particularmente, não os vejo como "legítimos líderes do movimento dekassegui. Mas os vejo como "típicos sindicalistas" que coagem e manipulam as pessoas com estes tipos de pensamentos, não só colocando Brasileiros contra Japoneses, mas Brasileiros contra Brasileiros!
Não são os que se opõem a compartilhar de suas manifestações que atrasam a Revolução dos trabalhadores Brasileiros, mas são os próprios nobres cavalheiros dessa liderança que com suas inquestionáveis condutas e acusações, atrasam a Evolução do trabalhador Brasileiro no Japão.


E vamos batucando nas ruas, mostrando que somos e agimos como Orgulhosos Brasileiros, mas no fundo, queremos ser tratados igual Japas..... ops! .... queremos os direitos iguais aos japoneses!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Blog: Falando o que vejo

A partir de hoje estarei comentando sobre uma série de assuntos que acredito serem de interesses da Comunidade Brasileira aqui no Japão e que por muitas vezes acabam se tornando polêmicos. Antes de dar início a esses assuntos, só gostaria de lembrar que "Falando o que vejo" não foi criado apenas para copiar e compilar notícias publicadas e muito menos fazer afirmações com o que eu escrevo aqui como a coisa "certa". O Blog "Falando o que vejo" , como está em sua descrição, foi criado para que eu possa expor determinadas situações pelo meu ponto de vista e ao mesmo tempo abrir brechas para que outros que concordando ou discordando do que escrevo, venham a fazer o mesmo e assim tornando possível ver determinada situação por diversos ângulos e que talvez; juntando as nossas visões, seja possível conseguirmos ver pontos que nos prejudica ou favorece e nem percebemos olhando apenas com uma única visão.
"O Debate só é inútel quando usado para se discutir pessoas
Ou se torna inútel quando ocorre a ausência de uma Democracia,
Porque o Debate é tão importante na vida Democrática,
Como a Democracia é importante para um Debate."
E a verdadeira democracia está na possibilidade de escolhermos e expressarmos livremente, mesmo que nossas perspectivas pessoais se choquem com outras.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Chinês continua preso dentro do aeroporto de Narita

O Chinês ativista pelos direitos humanos, continua sua moradia dentro do aeroporto de Narita. Zhenghu Feng de 55 anos, está vivendo dentro do aeroporto de Narita desde o dia 4 de novembro, semelhante ao personagem vivido por Tom Hanks no filme o "Terminal", em forma de protesto após sua entrada à China ter sido negada por 8 vezes apesar de estar com os documentos em dia e possuir a cidadania Chinesa, Feng foi impedido de entrar na China, destino a Shanghai onde reside, sem ao menos receber uma justificativa das autoridades chinesa.

Um pouco da vida de Zhenghu Feng:

Feng lecionava na Finanças e Economia na Universidade de Shanghai e servia como chefe da empresa de desenvolvimento e instituto de pesquisa da China até o ano de 1990. Em 1991, ele veio ao Japão para estudos avançados em economia e ciências da computação retornando em 1998 para criar uma empresa de consultoria em Shanghai, servindo as empresas japonesas. Feng foi preso por 3 anos em novembro de 2000, por publicar um livro da qual as autoridades Chinesa não aprovaram. Ele acredita que seu único crime na "realidade", foi a sua crítica à forma como as autoridades lidaram com o movimento democrático no ano de 89. Desde sua libertação, Feng cobrava justificativa para a sua prisão que considerava injusta, ajudando também civis comuns, começando apresentar várias petições ao Governo sobre várias injustiças se tornando um ativista dos direitos humanos na China.

Em fevereiro Feng foi detido secretamente por agentes da segurança nacional por 41 dias em Pequim. No início de abril, foi "aconselhado" por parte da polícia de Shanghai, para que fosse ao Japão à fim de evitar o período sensível em torno do 20 º aniversário do incidente de 4 de junho. Feng então, discursou em um evento para marcar o 20 º aniversário do 4 de junho do Movimento Democrático, também conhecido como o incidente da Praça Tiananmen ou protesto na praça da paz celestial, em Tokyo. Seu otimismo sobre a evolução da democracia na China, chamou a atenção do público, mas quando ele voltou para casa em 7 de junho, ele foi parado por agentes aduaneiros em Xangai e como o seu visto de trabalho ainda era válido, foi enviado de volta à Tokyo.

Na data de hoje, Feng completa 83dias acampando no aeroporto de Narita:

A partir daí, Feng tentou retornar à China sendo que das 4 vezes, não o permiram embarcar no seu vôo em Tokyo e as outras 4 vezes foi negada sua entrada no aeroporto de Pudong, com o destino à Shanghai. Apesar de seu filho viver no Japão mas sua esposa morar em Shanghai, seu desejo de retornar à China não está relacionado a sua situação familiar, como Feng também poderia simplesmente passar pelo balcão da imigração e entrar no Japão, já que seu visto de trabalho do Japão só vence em Junho, mas não quer, assim como também rejeitou a oferta do estatus de refugiado oferecida por um oficial das Nações Unidas que o visitou no aeroporto em Novembro.

"Eu tenho a minha própria pátria. A China é o meu próprio país, e retornar é o direito humano fundamental de um cidadão Chinês"- foi a justificativa dada por Feng.

"Minha insistência em voltar para a China não é para provar minha coragem, é sobre a minha fé no desenvolvimento da China, no estado de Direito e Direitos Humanos como valores universais"

Feng pede ao Governo Chinês, para que revogue a decisão das autoridades de Shanghai, em recusar a um cidadão, o direito de voltar para casa, em clara violação da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

Acampado numa área do aeroporto onde não existe estabelecimentos comerciais e só transitada por passageiros que embarcam e desembarcam, Feng utiliza-se da pia do banheiro local para seus cuidados de higiene pessoal e alimenta-se das doações feitas por passageiros, funcionários locais e comissários de bordo que tem o conhecimento do caso e solidarizam com sua situação.

Zhenghu Feng diz permanecer pelos corredores do aeroporto de Narita até que consiga voltar ao seu "lar". Para quem quiser acompanhar os acontecimentos e o dia a dia de Feng, basta acessar o Twitter, onde posta diariamente mantendo um canal de comunicação com o mundo do lado de fora do aeroporto.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Auxílio de retorno "Kikoku Shien", chega ao fim

Pois é, agora tornou-se oficial e com data determinada para o término da ajuda do Governo Japonês no auxílio da passagem de retorno.
Para quem ainda estava na dúvida se pega ou não pega, ou para aqueles que resolveram esperar para ver se a economia melhorava mas ainda não conseguiram se recolocar em nenhuma vaga de trabalho, acho melhor repensarem nos planos e decidirem antes que fiquem com esta opção à menos.
Opção esta que foi e ainda é muito polêmica entre a comunidade brasileira aqui no Japão. Polêmica que no meu ponto de vista foi gerado através da má divulgação pelos canais de comunicação feita em português.
Logo que foi anunciado esta ajuda, lembro-me que a primeira notícia que eu lí foi no próprio site do Ministério Japonês e logo pensei que isso poderia gerar descontentamentos entre a população Japonesa, já que o Japão estava enfrentando momento de crise ecônomica e abrir os cofres para estrangeiros usufruírem nesse momento não soava muito bem.
Mas por outro lado pensei: "Pelo menos com esta ajuda, muitos que estavam nas ruas sem ter onde morar e o que comer, poderiam regressar para a terra natal, estar entre seus familiares e amigos e ainda sobrar um pouco para o sustento de alguns dias"
Por isso foi tamanha o meu espanto ao começar escutar xingamentos e reclamações da comunidade brasileira em relação a esta ajuda, onde indignavam-se dizendo que estavam sendo expulsos pelo Japão com esta ajuda, causado talvez pelo impacto de como a notícia foi divulgada e pelo "barulho" daqueles que se dizem ser a "voz" da comunidade praticamente afirmando ser o dever do Governo Japonês arrumar um novo emprego para todos aqui, procurando assim, recrutar mais "gritadores" para lutar e ficar no Japão.
Tantas histerias para nada! Foi divulgado aqui e ali por vários jornais, pegaram no pé do Governo Japonês para no final mudarem algumas palavras mas o resultado continuou o mesmo!
Passado 1 ano desde o início da crise e apesar da onda de cortes terem parado, ainda vejo uns e outros que não conseguiram uma nova vaga de emprego. Algumas fábricas levaram suas produções para outros países com custos mais baratos, das quais já haviam instalações, outras eliminaram a mão de obra latino americana, permanecendo apenas com os asiáticos enquanto outras procuraram transferir as vagas para postos femininos. Fora aquela pequenas fabricas que se afundaram e fecharam as portas e tantas outras que estão se pendurando como podem para não caírem neste enorme buraco causado pela crise econômica...
Então eu fico me perguntando:
- Caso essa ajuda fosse cancelada, como é que estariam todos esses desafortunados que perderam emprego e só encontraram alguma solução para seus problemas aceitando essa ajuda do Governo?
- Os "porta-vozes" da comunidade estariam fazendo algo e dando conta de ajuda-los até os dias de hoje?
Eu acho que estariam piores do que já estavam, ainda mais se estivessem para depender dessa tal "casa dos trabalhadores" que até hoje não funciona e muito menos foi esclarecida para quê e no quê ela poderá ajudar a comunidade brasileira no Japão, porque parecem estarem muito mais ocupados e preocupados em decidirem (brigarem) para saber quem vai participar, quanto se vai gastar e principalmente quanto se vai ganhar...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

De onde vem o preconceito?

É muito raro as pessoas refletirem a causa dessas tão polêmicas plaquinhas de proibição em frente aos estabelecimentos...
 De onde surge a origem desse preconceito?
Será que eles surgem assim gratuitamente, sem ninguém ter provocado nada, eu não gosto e pronto?
Eu vejo mais como uma "precaução" do que um ato de preconceito ou conflito entre etnias... se averiguar os acontecimentos passado antes dessas plaquinhas surgirem nas portas, talvez você compreenda a verdadeira origem delas...
Primeiramente eu diria que o ponto de partida vem com o desentendimento na comunicação, seguido pelos erros na "tentativa" de comunicação, pois não é novidade para ninguém que a maioria dos Japoneses não dominam nem o básico da língua Inglesa onde já encontramos muitos erros, escrever em outras línguas e usando programinhas de tradução então... resultam nessas maravilhas de placas (como esta da foto acima) que encontramos por aí e que nem sempre o que se está escrito fica compreensível!
Já ví também vários vídeos ou fotos que mostram placas com os dizeres "Japanese Only", que nem sempre quer dizer que se é permitida a entrada apenas de Japonês e sim que o atendimento dado no local é apenas em Japonês, muito comum ver este tipo de placa em locais que fazem atendimento ou prestam acessoria ao público.
Outras placas que as pessoas costumam associar como racismo, estão com os dizeres "Only members" e algumas vezes acompanhadas com o "Japanese Only". Não entendo a indignação de um não-associado por ser barrado em um estabelecimento onde só se entra quem faz parte dos membros da associação e para participar de um associação, geralmente a pessoa tem de dominar bem o idioma (fala, leitura e escrita), já que muitos avisos de normas e atividades vem por correspondências, pelo menos, eu nunca ví ou fiquei sabendo de algum estrangeiro que tivesse sido proíbido de fazer parte de um estabelecimento só para membros, apenas por ser estrangeiro...
Outro fator muito comum que levam a criação dessas plaquinhas, são as diferenças culturais.
No Brasil chega a ser comum ver consumidores abrindo tampa de frascos para sentirem a fragância do produto, como é comum alguma mãe abrir aquele pacote de salgadinho para o filho "impaciente" antes de passar pelo caixa, ou aquele que olha e olha o produto com as mãos, deixando marcas ou danificando a embalagem ou até mesmo a própria mercadoria com riscos e ainda temos aqueles que aparecem em grupos, fazendo algazarras, causando incômodo aos outros clientes e transtornos aos donos do estabelecimento para acabar não levando nada!
E o terceiro e último fator entre as principais causas de origem dessas placas, temos os maus elementos! Aqueles que entram e cometem desde pequenas delinquências à grandes violências ou desde pequenos furtos à chamativos assaltos.
Não estou aqui em defesa dos Japoneses e nem digo que no Japão não existe ato de discriminação, mas não adianta generalizar e conciliar certas atitudes que provèm de causas bem diferentes e se virar contra a sociedade e a cultura do país em que se está "hospedado".
A melhor forma de lidar e combater certas atitudes que até podem nos ferir o brio, é a conscientização dos verdadeiros motivos junto a conscientização de que é necessário aprender, entender e respeitar o idioma e a cultura do país, combatendo assim junto aos Japoneses,"futuras" causas de "desentendimentos" e atos de um pré-conceito.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Com medo de uma debandada de indústrias japonesas, Governo muda projeto de lei

Desde que saiu uma nota em dezembro do ano passado, sobre as mudanças que o Governo faria nas leis do contrato entre empreiteiras e trabalhadores no ipcdigital.com, só se ouvia falar sobre os palpites em tom de vitória de que a era das empreiteiras estavam chegando ao fim.
Sempre que me perguntavam sobre o que eu achava que iria acontecer, eu notava a reação de contrariedade nas faces das pessoas, como se eu estivesse torcendo contra ou fizesse parte do time oposto ao dar o meu parecer.
A minha resposta está aí... não muito diferente da nota publicada na edição número 222 da revista alternativa de 14 de janeiro de 2010.
Mesmo que o procedimento dessas mudanças tão "esperadas" acontecesse, seria como eu dizia: "O Governo estaria fechando o cerco apenas para as empreiteiras que não passam de apenas "hospedeiras", deixando as fábricas que são as que mais tem o interesse de "usufruírem" da mão de obra desses hóspedes"
E sendo assim, na minha opinião, se por um lado eu achava muito difícil as empreiteiras sumirem do mapa, por outro lado se realmente chegasse ao fim, a situação para os trabalhadores brasileiros ficaria muito mais difícil do que já está. Muitíssimo poucos seriam os que realmente conseguiriam se beneficiar com essas mudanças, já que as fábricas podem também procurarem outras alternativas.
Não é preciso torcer contra ou estar no time oposto, para "adivinhar" a extensão dos resultados sobre tais mudanças... basta observar os motivos, os interesses e os últimos acontecimentos aos olhos da realidade do dia a dia e não aos olhos de indignação ou desejo pelo idealismo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Nenhum lugar para se chamar de Lar: Brasileiros descendentes de Japoneses descobrem que são estrangeiros na terra de seus ancestrais


Hoje eu resolvi comentar sobre um artigo que eu li esse dias, escrito por Takeyuki Tsuda, Professor Antropologista da faculdade de Evolução Humana & Mudanças Sociais na Universidade do estado de Arizona. Achei bem interessante este artigo, pois Takeyuki Tsuda além de ter escrito várias publicações relacionadas ao "fenômeno" dekassegui; ele, assim como muitos de nós, é um descendente de Japoneses que cresceu nos EUA em volta de uma cultura que também é bem diferente da raíz dos nossos antepassados. Acho que Takeyuki, após suas pesquisas, experiências e entrevistas em campo entre ambos os lados (Japoneses e Brasileiros descendentes de Japoneses) descreve bem o drama ocorrido nos sentimentos de ambos os lados.
Os Brasileiros descendentes que apesar de nascidos e crescidos no Brasil, muitos se sentiam (mesmo que camufladamente em seu consciente), como Japoneses, dado a diversos fatores que entre os principais talvez seja a educação e cultura que recebemos, chegando até ao ponto de alguns receberem com um certo grau elevado de rigidez pelos nossos antepassados e o fato da fisionomia herdada pela etnia oriental que nos diferencia da grande parte da população com traços ocidentais no Brasil. É muito comum ouvir queixas de descendentes, sobre aqui no Japão sermos chamados de Brasileiros e de no Brasil sermos Japoneses.

No place to call home: Japanese-Brazilians discover they are foreigners in the country of their ancestors
-...Um jovem estudante Brasileiro Nikkei me contou com uma ponta de indignação em sua voz: “Mesmo se for completamente Brasileiro e agir como Brasileiro, nós sempre seremos Japoneses por causa de nossas faces... Podemos ir assistir e torcer por nosso time de futebol favorito, até mesmo dançar samba na rua, mas sempre terá algém que vai chama-lo: Ei Japonês!...”- -... Um jovem Japonês me dizia: “A primeira vez que os Japoneses-Brasileiros vieram para a cidade, eu fiquei realmente surpreso, eu pensei, nossa... olha esses tipos! Afinal, de que mundo eles são? Eles parecem Japoneses mas não são Japoneses de verdade. Eles agem completamente diferente, falam outro idioma e se vestem de formas estranhas... Eles são como falsos Japoneses, como os super-heróis que você na TV...”
 Por um lado, temos os mesmos gostos, absorvemos e vivenciamos a mesma cultura, falamos a mesma língua, estudamos os mesmos livros, mas nossas faces nos diferenciam e nos registram como Japoneses.Por outro lado, nossas faces se igualam na multidão, mas nossos atos, nossos pensamentos, nossos vestimentos e a nossa língua nos diferenciam e nos registram como Brasileiros.

-Um morador classe média me contava: “Eles parecem ser como pessoas vindo de vilas rurais e pobres. São do tipo de pessoas de baixo nível que não poderia viver no Japão, então eles descartaram o Japão e foram para o estrangeiro...” Os Japoneses nativos também pensam que os Japoneses-Brasileiros tem migrado agora ao Japão porque também não conseguiram sucesso no Brasil - - Mas em contratapartida é o grupo minoritário que mais não sofre com o estatus sócio-econômico e discriminações, já que os Japoneses-Brasileiros geralmente fazem parte da classe média-alta e sempre estão sendo adimirados pelos atributos de” suas” culturas Japonesas. -
 Aqui torna-se outro choque para os Nikkeis, onde no Brasil é comum escutar sempre um elogio aos nikkeis, do tipo "não existe nikkeis morando em favela", "nikkeis são inteligentes", "nikkeis sabem prosperar", elogios e estatus que os Nikkeis estavam acostumados a receber. Enquanto no Japão, nossos antepassados foram e ainda são vistos como fracos e pobres que juntado ao regresso de seus descendentes ao Japão para ganhar dinheiro, foi o marco para a confirmação do que pensavam e considerarem de vez como "fracassados"

- Autoridades do Governo, acreditavam que nikkeijin iriam se assimilar sem problemas dentro da sociedade Japonesa, proporcionando a mão de obra necessária sem perturbar a homogeneidade ética do Japão. - - A aparência racial que marca o Japonês como a minoria no Brasil, não os diferencia quando chegam ao Japão, mas isso não os poupa de serem vitos como uma minoria étnica. Tanto como funcionários do Governo Japonês como a maioria dos trabalhadores e residentes Japoneses que entrevistei, estavam muito desapontados em descobrir como culturalmente o Brasileiro nikkeijin tinha se tornado. - - Muitos Japoneses-Brasileiros retornavam ao país de origem da sua etnia, esperando ser socialmente aceitos, se não bem recebidos, se desapontam ao saber que são socialmente isolados e tratados como estrangeiros. -
 Aqueles que receberam a educação e cultura dentro dos costumes Japoneses, tem menos dificuldades para envolver-se com a sociedade Japonesa. Mas mesmo com tanta familiariedade com a cultura Japonesa, o grau de envolvimento com a cultura e educação dentro dos costumes Brasileiros sempre foi maior. É difícil prosperar em algum lugar sem que não haja nenhum envolvimento, tanto que os nikkeis que prosperaram e se destacaram no Brasil, foram os que entraram e acompanharam a sociedade Brasileira, nos estudos e cultura. Não é a aparência, nem a nacionalidade, nem feitos e desfeitos de antepassados que nos fazem mais ou nos fazem menos para ser aceito na sociedade, mas é o grau que absorvemos para se envolver e acompanhar como iguais na sociedade em que vivemos hoje.

-Uma senhora Japonesa me contava: “Mesmo se eles não tiverem dinheiro para viver amanhã, eles decidem curtir a vida hoje e preocupar-se com o amanhã quando isso acontecer. Eles são pessoas abertas e joviais, mas negligentes, irresponsáveis e preguiçosos. Países de clima quente são assim...” - Alguns moradores Japoneses reclamaram que os Japoneses-Brasileiros que vivem na vizinhança, fazem excessivo barulhos em seus apartamentos e fazendo festas até tarde da noite nos fins de semana.
-Um nikkei dizia: “Para ser considerado Japonês, não é suficiente ter a face Japonesa e comer com palitos, você deve pensar, agir e falar igualmente os Japoneses...” - - No Brasil, os Japoneses-Brasileiros consideravam suas condutas relativamente calma e contida. No Japão, eles descobrem que o jeito de andar, se vestir, se gesticular, é extremamente diferente de todos os Japoneses e ao mesmo tempo, alegam que em comparação os Japoneses são pessoas sem “calor humano”. -
 Conflitos provocados pelo choque cultural onde um lado nos veêm como inconsequentes irresponsáveis e bagunçeiros e o outro como pessoas frias, "sem calor humano". Conflitos que me fizeram pensar se o depoimento do Japonês lá em cima não estava certo ao dizer que parecemos "falsos Japoneses" ou até mesmo o depoimento desta senhora ao dizer que deixamos para nos preocupar com o amanhã somente qndo esse amanhã se torna o hoje, depois de tudo o que aconteceu com essa crise...

- Quando negam o carinho que tinham anteriormente por sua indentidade Japonesa, muitos Nikkeis procuram pela religião para preencher o vazio. Outros, particularmente aqueles que estão isolados por outros da mesma etnia, sofrem com desordem mental, criando amigos imaginários ou até passando para comportamentos suicidas ou criminosos. - - Mas a reação mais comum é a reafirmação de suas indentidade Brasileira em vez de lutar para misturar-se como nativo, começam a agir abertamente de maneira Brasileira, falando Português em tom alto publicamente, vestindo roupas brasileiras e se apresentando como Brasileiros. - - Eles também começam a participar de forma mais activa do que já fez no Brasil, em eventos com músicas, dança, roupas e comidas Brasileiras. Entre os mais visíveis eventos “Brasileiro”, são os desfiles de samba, organizados nas comunidades com alta concentração de nikkeijins. Embora a maioria dos nikkeis nunca terem se interessado em participar do samba no Brasil ( sendo até desprezada como uma atividade fútil), eles de repente se veêm dançando samba no Japão -
 Eu acho que isso seria a resposta mais propícia para responder a minha pergunta de onde vem o excessivo "orgulho de ser Brasileiro" que muitos Brasileiros andam esbravejando por aí... Agora só me resta saber se esse "orgulho" vem do choque cultural entre os dois países, fazendo-os perceberem que por mais que tenham vindo da etnia Japonesa, o quão Brasileiros eles são no comportamental ou se esse orgulho brota de dentro do seus sentimentos de rejeição e ego ferido.

- Mesmo que tentem se misturar ao resto da sociedade Japonesa, os nikeijins tem poucas chances de fazê-lo. O grande número ddaqueles que desistiram de seus planos originais de retornarem ao Brasil, vão viver suas vidas como estrangeiro. Muitos de seus filhos porém, serão capaz de preencher a lacuna étnica. Eles não estão apenas aprendendo o idioma nas escolas Japonesas, eles também estão adotando atitudes Japonesas e até mesmo preconceitos sobre o país que seus pais deixaram para trás. -
 É a história de nossos antepassados Japoneses se repetindo hoje no caminho inverso. Como eu nunca vi nenhum Japonês imigrante daquela época que tenha se tornado bem aceito e bem sucedido no Brasil e sim somente seus filhos que nasceram e cresceram participando da sociedade Brasileira, acredito que não verei por aqui tbm. Igualmente esses filhos que nascerem e crescerem aqui é que podem ter a chance de misturar-se à sociedade, conquistando espaços e respeito como iguais, porém sempre Brasileiros, como sempre fomos e somos Japoneses no Brasil.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Orgulho de ser Brasileiro? PartⅡ

Estava a assistir vídeos no youtube que me apareciam aleatoriamente na lista de relacionados e me deparei com este vídeo da reportagem do jornal da IPCTV.

Mais uma vez não pude deixar de ligar o assunto com o tema "orgulho de ser brasileiro" e mais uma vez muitas pessoas podem estar pensando que eu "odeio" o Brasil e seus Brasileiros... mas isso não é a verdade, ou eu estaria propriamente me odiando igualmente, afinal eu tbm sou uma Brasileira!

O ponto que eu quero chegar, é essa questão do extremo orgulho de ser Brasileiro e tudo que chega ao extremo não nos faz bem. Por isso devemos buscar sempre o equilíbrio, buscando pesar igualmente na balança, sem deixar pender demais nem para um lado e nem para o outro e dentro desse equilíbrio encontrar a harmonia para sí. E eu acredito que esse extremo é que torna os nossos Zés de lugar nenhum à síndrome do regresso, falado na marcação 2:05 deste vídeo.

Quantos e quantos Zés não existe por aí? Quantos Zés odeiam o Japão mas não retornam ao seu país amado e quantos desses que finalmente retornam não acabam desejando voltar ao país que já foi odiado?

Quando no Japão, o Brasil é melhor.

Quando no Brasil, o Japão é mellhor.

Um verdadeiro paradoxo entre Sócrates e Platão...

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